As fraturas que acometem o terço proximal do úmero (ombro) geralmente acometem pacientes idosos por, usualmente, haver nesta faixa etária uma fragilidade óssea (osteoporose), bastando um trauma banal, como uma queda da própria altura, para que ocorra uma fratura. Em pacientes jovens, por terem boa estrutura óssea, as fraturas, em geral, são decorrentes de um trauma violento, sendo, portanto, fraturas mais complexas e de difícil tratamento.
Essas fraturas correspondem a cerca de 5% das fraturas nos adultos e na grande maioria das vezes são fraturas sem deslocamento ou com deslocamento mínimo, que não necessitam de cirurgia.
As principais complicações que podem ocorrer em consequência da fratura são: a pseudoartrose (não consolidação da fratura), a osteonecrose da cabeça umeral (morte da cabeça do úmero por lesão vascular) e a consolidação viciosa (consolidação em posição não adequada prejudicando a função do ombro).
TRATAMENTO
O tratamento dessas fraturas vai depender do tipo da fratura e do perfil do paciente a ser tratado (sua idade, doenças associadas e grau de atividade).
CLASSIFICAÇÃO
Usualmente usamos a classificação de Charles Neer para subdividir os tipos de fraturas e melhor indicar o tratamento.
O úmero proximal é dividido em 4 partes: cabeça, diáfise, tubérculo maior e tubérculo menor. É considerado desvio quando o segmento desloca-se mais de 1 cm (0,5 cm para o tubérculo maior) ou angulação maior do que 45º.
- UMA PARTE: fraturas com pouco ou nenhum desvio, independentemente do número de traços de fratura;
- DUAS PARTES: desvio de apenas uma parte (colo cirúrgico, colo anatômico, tubérculo maior ou tubérculo menor);
- TRÊS PARTES: fratura da diáfise com um dos tubérculos, separados da cabeça;
- QUATRO PARTES: dissociação entre as quatro partes anatômicas do úmero proximal, com alta incidência de necrose avascular sendo indicada artroplastia em quase todos os casos.
FRATURAS SEM DESVIOS E CLASSIFICADAS COMO UMA PARTE DE NEER
Caso a fratura seja classificada como uma parte de Neer ou sem desvio deve-se imobilizar o ombro com o auxílio de uma tipoia americana até que a fratura esteja, clínica e/ou radiograficamente, consolidada. Após a retirada da imobilização, deve-se iniciar a fisioterapia para obter a recuperação dos movimentos e da força.
FRATURAS COM DESVIOS
As fraturas com desvios são tratadas conforme o número de “partes”, sendo que em geral o número de fragmentos determina maior dificuldade de tratamento e pior prognóstico. Obviamente o tipo de tratamento também varia muito conforme a fratura.
FRATURAS EM DUAS E TRÊS PARTES DE NEER
Estes tipos de fraturas são geralmente instáveis, portanto, sendo muito limitada a indicação do tratamento conservador e normalmente tratadas através de cirurgia.
O tipo de técnica cirúrgica a ser realizada (placa e parafusos, hastes, pinos de fixação, sutura dos fragmentos, etc…) vai depender do tipo da fratura e idade do paciente.
FRATURAS EM QUATRO PARTES
As fraturas em quatro partes não possuem bom prognóstico devido à alta incidência de osteonecrose (morte óssea) da cabeça do úmero, devido à lesão dos vasos no momento da fratura e, usualmente, o tratamento é realizado pela substituição da cabeça do úmero pela prótese de ombro.
Em pacientes jovens com diagnóstico de fratura em 4 partes, devemos ter um pouco mais de cautela antes de indicar a realização de uma prótese do ombro, porém a sua indicação não esta descartada.